O Morro do Anhangava, na Serra da Baitaca, em Quatro Barras, está ligado à história do voo livre no Paraná desde os anos 70, com os pioneiros voos de asas-delta e, a partir dos anos 90, com a evolução dos parapentes.
Em julho de 1974, o francês Stephan Dunoyer de Segonzac realizou, do alto do Corcovado, no Rio de Janeiro, o primeiro voo de asa delta no Brasil. Pouco tempo depois, no dia 7 de setembro do mesmo ano, o carioca Luis Cláudio Mattos seria o primeiro brasileiro a voar, saltando do topo da Pedra da Agulhinha, em São Conrado.
Um ano antes desses feitos históricos, o paranaense João Osório Brzezinski, estimulado por uma revista americana de aviação, já havia solicitado o projeto de uma asa delta. Sem acesso à matéria-prima para a confecção da asa, João Osório acabou por importar uma e iniciou, sozinho, o seu aprendizado, tendo conseguido realizar seu primeiro voo em outubro de 1974, apenas alguns dias depois do feito de Luis Cláudio Mattos. Por muito pouco, o paranaense não foi o primeiro brasileiro a voar de asa-delta.
O alemão naturalizado, Karl Gottlob Hoschele, residente em Curitiba, também foi pioneiro no esporte. Junto com João Osório passaram, a partir de então, a desbravar as montanhas da Serra do Mar e da região metropolitana de Curitiba, realizando voos no Marumbi, no Pico do Paraná, no Capivari e também no Morro do Anhangava.
João Osório foi um dos fundadores do Marumbi Clube de Voo Livre e, também, em 19 de agosto de 1985, do Serra da Graciosa Clube de Voo Livre, que passaria a se denominar Anhangava Clube de Voo Livre a partir de 20 de março de 1995.
Com o crescimento do esporte e o aparecimento de outros pilotos pioneiros realizando voos no Anhangava e em razão da dificuldade para levar os pesados equipamentos pelo caminho tradicional, o entusiasta Karl Hoschele, apoiado por alguns pilotos, abriu uma trilha para tornar o acesso mais fácil ao Anhangava pelo Morro do Samambaia. Mais tarde, essa trilha viria a se tornar a conhecida Estrada da Asa Delta.
A partir de meados de 1990, com o desenvolvimento do parapente, equipamento mais leve que as asas-deltas, o Anhangava passou a receber mais adeptos do voo, especialmente na modalidade hyke and fly (caminhar e voar).
Hoje, o Anhangava Clube de Voo Livre congrega participantes do voo de montanha em ambas as modalidades – asa e parapente – cuja prática é regulamentada nacionalmente pela Confederação Brasileira de Voo Livre (CBVL) e pela Associação Brasileira de Parapente (ABP) e, a nível estadual, pela Federação de Voo Livre do Paraná (FVLP).